LUMEN
ESPECÍFICAS – ESPECÍFICA DE REDAÇÃO MSZ
MÁRCIO
SINVAL E ZÉ LARANJA
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Competências do ENEM
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Competência 2
Compreender
a proposta de redação e aplicar conceitos das várias áreas de conhecimento para
desenvolver o tema, dentro dos limites estruturais do texto
dissertativo-argumentativo em prosa
A
sua redação atenderá às exigências de elaboração de um texto
dissertativo-argumentativo se combinar os dois princípios de estruturação,
explicitados abaixo.
I
– Apresentar uma tese, desenvolver justificativas para comprovar essa tese e
uma conclusão que dê fecho à discussão elaborada no texto, compondo o processo
argumentativo (ou seja, apresentar proposição, desenvolvimento e conclusão).
TESE
– É a ideia que você vai defender no seu texto. Ela deve estar relacionada ao
tema e apoiada em argumentos ao longo da redação.
ARGUMENTOS
– É a justificativa para convencer o leitor a concordar com a tese defendida.
Cada argumento deve responder à pergunta “por quê?” em relação à tese
defendida.
II
– Utilizar estratégias argumentativas para expor o problema discutido no texto
e detalhar os argumentos utilizados.
ESTRATÉGIAS
ARGUMENTATIVAS – São recursos utilizados para desenvolver os argumentos, de
modo a convencer o leitor:
•
exemplos; • dados estatísticos; • pesquisas; • fatos comprováveis; • citações
ou depoimentos de pessoas especializadas no assunto; • pequenas narrativas
ilustrativas; • alusões históricas; e • comparações entre fatos, situações,
épocas ou lugares distintos.
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Competência 3:
Selecionar,
relacionar, organizar e interpretar informações, fatos, opiniões e argumentos
em defesa de um ponto de vista. A Competência 3 trata da inteligibilidade do
seu texto, ou seja, de sua coerência e da plausibilidade entre as ideias
apresentadas, o que é garantido pelo planejamento prévio à escrita, pela
elaboração de um projeto de texto.
A
inteligibilidade da sua redação depende, portanto, dos seguintes fatores:
•
relação de sentido entre as partes do texto; • precisão vocabular; • seleção de
argumentos; • progressão temática adequada ao desenvolvimento do tema,
revelando que a redação foi planejada e que as ideias desenvolvidas são pouco a
pouco apresentadas, em uma ordem lógica; e • adequação entre o conteúdo do
texto e o mundo real.
•
O que é coerência?
A
coerência se estabelece por meio das ideias apresentadas no texto e dos
conhecimentos dos interlocutores, garantindo a construção do sentido de acordo
com as expectativas do leitor. Está, pois, ligada ao entendimento, à
possibilidade de interpretação dos sentidos do texto. O leitor poderá
compreender esse texto, refletir a respeito das ideias nele contidas e, em
resposta, reagir de maneiras diversas: aceitar, recusar, questionar e até mesmo
mudar seu comportamento em face das ideias do autor, compartilhando ou não da sua
opinião.
•
O que é projeto de texto?
Projeto
de texto é o planejamento prévio à escrita da redação. É o esquema que se deixa
perceber pela organização estratégica dos argumentos presentes no texto. É nele
que são definidos quais os argumentos que serão mobilizados para a defesa de
sua tese, quais os momentos de introduzi-los e qual a melhor ordem para
apresentá-los, de modo a garantir que o texto final seja articulado, claro e
coerente. Assim, o texto que atende às expectativas referentes à Competência 3
é aquele no qual é possível perceber a presença implícita de um projeto de
texto, ou seja, aquele em que é claramente identificável a estratégia escolhida
por quem está escrevendo para defender seu ponto de vista.
Seguem
algumas recomendações para atender plenamente às expectativas em relação à
Competência 3:
Reúna todas as ideias que lhe ocorrerem
sobre o tema e depois selecione as que forem pertinentes para a defesa do seu
ponto de vista, procurando organizá-las em uma estrutura coerente para usá-las
no desenvolvimento do seu texto.
Verifique se informações, fatos, opiniões
e argumentos selecionados são pertinentes para a defesa do seu ponto de vista.
Na organização das ideias selecionadas
para serem abordadas em seu texto, procure definir uma ordem que possibilite ao
leitor acompanhar o seu raciocínio facilmente, o que significa que a progressão
textual deve ser fluente e articulada com o projeto do texto.
Examine, com atenção, a introdução e a
conclusão para ver se há coerência entre o início e o fim e observe se o
desenvolvimento de seu texto apresenta argumentos que convergem para o ponto de
vista que você está defendendo.
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Observe em uma Redação Nota MIL:
Redação de Desirée Macarroni Abbade
Profecia futurística
Em meados do século passado, o escritor austríaco Stefan Zweig mudou-se
para o Brasil devido à perseguição nazista na Europa. Bem recebido e
impressionado com o potencial da nova casa, Zweig escreveu um livro cujo título
é até hoje repetido: “Brasil, país do futuro”. Entretanto, quando se observa a
deficiência das medidas na luta contra a intolerância religiosa no Brasil, percebe-se
que a profecia não saiu do papel. Nesse sentido, é preciso entender suas
verdadeiras causas para solucionar esse problema.
A princípio, é possível perceber que essa circunstância deve-se a
questões políticas-estruturais. Isso se deve ao fato de que, a partir da
impunidade em relação a atos que manifestem discriminação religiosa, o seu
combate é minimizado e subaproveitado, já que não há interferência para mudar
tal situação. Tal conjuntura é ainda intensificada pela insuficiente laicidade
do Estado, uma vez que interfere em decisões políticas e sociais, como
aprovação de leis e exclusão social. Prova disso, é, infelizmente, a existência
de uma “bancada evangélica” no poder público brasileiro. Dessa forma, atitudes
agressivas e segregacionistas devido ao preconceito religioso continuam a
acontecer, pondo em xeque o direito de liberdade religiosa, o que evidencia
falhas nos elementos contra a intolerância religiosa brasileira.
Outrossim, vale ressaltar que essa situação é corroborada por fatores
socioculturais. Durante a formação do Estado brasileiro, a escravidão se fez
presente em parte significativa do processo, e com ela vieram as discriminações
e intolerâncias culturais, derivados de ideologias como superioridade do Homem
Branco e Darwinismo Social. Lamentavelmente, tal perspectiva é vista até hoje
no território brasileiro. Bom exemplo disso são os índices que indicam que os
indivíduos seguidores e pertencentes das religiões
afro-brasileiras são os mais afetados. Dentro
dessa lógica, nota-se que a dificuldade de prevenção e combate ao desprezo e
preconceito religioso mostra-se fruto de heranças coloniais discriminatórias, as
quais negligenciam tanto o direito à vida quanto o direito de liberdade de
expressão e religião.
Torna-se evidente, portanto, que os caminhos para a luta contra a
intolerância religiosa no Brasil apresentam entraves que necessitam ser
revertidos. Logo, é necessário que o Governo investigue casos de impunidade por
meio de fiscalizações no cumprimento de leis, abertura de mais canais de
denúncia e postos policiais. Além disso, é preciso que o poder público busque
ser o mais imparcial (religiosamente) possível, a partir de acordos
pré-definidos sobre o que deve, ou não, ser debatido na esfera política e
disseminado para a população. Ademais, as instituições de ensino, em parceria com
a mídia e ONGs, podem fomentar o pensamento crítico por intermédio de pesquisas,
projetos, trabalhos, debates e campanhas publicitárias esclarecedoras. Com
essas medidas, talvez, a profecia de Zweig torne-se realidade no presente.
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PROPOSTAS DE REDAÇÃO
- Textos
Motivadores
- Texto 1
O Atlas da Violência 2017,
lançado pelo Instituto de Pesquisa Econômica Aplicada (Ipea) e o pelo Fórum
Brasileiro de Segurança Pública nesta segunda-feira 5, revela que homens,
jovens, negros e de baixa escolaridade são as principais vítimas de mortes
violentas no País. A população negra corresponde a maioria (78,9%) dos 10% dos
indivíduos com mais chances de serem vítimas de homicídios.
Atualmente, de cada 100 pessoas
assassinadas no Brasil, 71 são negras. De acordo com informações do Atlas, os
negros possuem chances 23,5% maiores de serem assassinados em relação a
brasileiros de outras raças, já descontado o efeito da idade, escolaridade, do
sexo, estado civil e bairro de residência.
“Jovens e negros do sexo masculino
continuam sendo assassinados todos os anos como se vivessem em situação de guerra”,
compara o estudo.
Outro dado revela a persistência da
relação entre o recorte racial e a violência no Brasil. Enquanto a mortalidade
de não-negras (brancas, amarelas e indígenas) caiu 7,4% entre 2005 e 2015,
entre as mulheres negras o índice subiu 22%.
Disponível
em: https://www.cartacapital.com.br/sociedade/atlas-da-violencia-2017-negros-e-jovens-sao-as-maiores-vitimas
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Texto 2
Insegurança
Brasil tem 19 cidades entre as 50 mais
violentas do mundo
por Deutsche Welle
País é o que tem o maior número de cidades
em ranking mundial que avalia violência em municípios com mais de 300 mil
habitantes
Das 50 cidades da lista, 19 estão no
Brasil, oito no México, sete na Venezuela, quatro nos Estados Unidos, quatro na
Colômbia, três na África do Sul, duas em Honduras, uma em El Salvador, uma na
Guatemala e uma na Jamaica.
Na décima posição no ranking, Natal é a
cidade mais violenta do País, com 69,56 homicídios por 100 mil habitantes. O
município é seguido por Belém e Aracaju.
A lista inclui ainda Feira de Santana
(15º), Vitória da Conquista (16º), Campos dos Goytacazes (19º), Salvador (20º),
Maceió (25º), Recife (28º), João Pessoa (29º), São Luís (33º), Fortaleza (35º),
Teresina (38º), Cuiabá (39º), Goiânia (42º), Macapá (45º), Manaus (46º),
Vitória (47º) e Curitiba (49º).
Com 130,35 homicídios por 100 mil
habitantes, Caracas, na Venezuela, aparece no topo do ranking das mais violentas
do mundo, seguida por Acapulco, no México, e San Pedro Sula, em Honduras.
Segundo a ONG, a repetição da posição da capital venezuelana por dois anos
seguidos confirma a crise criminal no país.
Disponível
em: https://www.cartacapital.com.br/sociedade/brasil-tem-19-cidades-entre-as-50-mais-violentas-do-mundo
- Texto 3
Estudo feito
pelo Conselho Nacional do Ministério Público (CNMP) mostra que, de 2011 a 2012,
83,03% dos homicídios com causa provável no estado de São Paulo foram cometidos
por motivos "fúteis ou por impulso", conforme dados repassados pela
Delegacia de Homicídios e Proteção à Pessoa (DHPP). Os órgãos de segurança
consideram de razão fútil e por impulso as mortes por vingança, desavenças,
passionais, rixa, embriaguez, entre outros. Segundo o CNMP, o quadro de
"banalização da violência no país é extremamente preocupante".
Disponível em: http://g1.globo.com/brasil/noticia/2012/11/em-sp-83-dos-homicidios-sao-por-motivos-futeis-ou-por-impulso-diz-mp.html
- Texto 4

Disponível em: https://www.cartacapital.com.br/sociedade/violencia-brasil-mata-82-jovens-por-dia-5716.html
- Proposta de Redação ENEM
A partir da
leitura dos textos motivadores seguintes e com base nos conhecimentos
construídos ao longo de sua formação, redija
texto dissertativo-argumentativo em modalidade escrita formal da língua
portuguesa sobre o tema
Violência
urbana no Brasil, caminhos para a solução do problema.
Apresente proposta de intervenção que
respeite os direitos humanos. Selecione, organize e relacione, de forma coerente e coesa, argumentos e fatos para
defesa de seu ponto de vista.
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PROPOSTA 2 – ARTIGO DE OPINIÃO
Artigo de opinião é um gênero do discurso
argumentativo em que o autor expressa a sua opinião sobre determinado tema,
deixando bem marcada uma argumentação que sustente a defesa do ponto de vista
apresentado.
Você é economista, envolvido em
planejamento de cidades, e como tal convidado por jornal de circulação
nacional, para escrever artigo sobre a banalização da violência nas grandes
cidades do Brasil no século XXI.
- Exemplo de Artigo de Opinião
Periféricos
e Privilegiados
No Marco Zero da cidade do
Recife tive minha primeira experiência emocionante de 2015. Caminhei por ali no
começo da noite esperando a lua e vendo as gentes felizes, em férias, ocupando
a praça. Não havia tensão nem linhas divisórias entre periféricos e
privilegiados. Aquele era um lugar tranquilo numa cidade nem tanto. O clima era
ameno, a brisa vinha do mar, pessoas jogavam conversa fora e usavam o espaço
público como seu. De cada um. Não haveria arrastão em nenhum restaurante. A
polícia estava presente, mas de maneira discreta. É assim que tem que ser,
pensei eu. Tive saudade de cidades seguras que já conheci, de andar livre nas
ruas, de não ter medo de ser cidadão. Lembrei de uma praça de Barcelona e de um
restaurante que servia um peixe de carne branca e macia. Fizemos a refeição
vendo os moradores das casas em frente sentados em suas cadeiras na calçada
conversando até alta noite. Ninguém chamava as crianças para dentro e elas
brincavam de pique-esconde até suar muito e ficar com aquele cheiro de galinha
molhada que toda criança tem. Parecia uma vila do interior no meio de uma
metrópole.
Um pedacinho de bairro onde o
tempo não passou. Talvez por ser época de férias, minhas memórias me levaram a
tantos outros lugares seguros onde já estive. Numa favela de Medellín que
ganhou uma das estações de metrô mais modernas que já conheci e uma biblioteca
gigantesca e permanentemente lotada de moradores. Nem tudo na cidade está livre
da delinquência, mas a revolução pela qual passou a cidade é notável. O
ex-prefeito de Bogotá Enrique Peñalosa diz que uma cidade rica não é aquela
onde os pobres andam de carro, mas aquela na qual os ricos andam de ônibus. Em
São Paulo, quem pode se desloca em veículos blindados. Eu, que sonho com uma
daquelas motos pequenas, das que circulam nas ruas da Itália, me surpreendo com
frequência dizendo a alguém: cuide-se. Não ande distraído por aí, São Paulo é
perigosa. Pessoas morrem por nada, de bala perdida, atropeladas, vitimadas em
assaltos, as ruas não são de ninguém, nem do morador nem do Estado. Me pergunto
quando os homens públicos que dirigem cidades acordarão para o fato de que é
nelas que seus eleitores devem estabelecer suas rotinas sem sobressaltos.
E que isso se faz não atrás de
cadeados e muros altos, mas no espaço que é para o convívio de todos. Segurança
é a apropriação do espaço público pelos homens de bem e não pelos que se
aproveitam do vácuo do poder público para roubar, depredar, sequestrar. Esse
era para ser um artigo sobre a gestão das cidades e terminou num desabafo sobre
meu sonho de bem viver. De lugares mais carinhosos onde pessoas possam residir
em calma. De cidades que abracem seus moradores e nas quais eles possam namorar
no meio da rua, levar seus filhos a parques que não fiquem a mais de dez
minutos a pé de suas casas, pegar um ônibus confortável e chegar, mais rápido
que num carro, a qualquer lugar que desejem. É uma ideia romântica, mas
inteiramente factível. Essa é uma das coisas que aprendi e não esquecerei. A
cidadania é possível e pulsa pedindo espaço na agressividade das metrópoles.
Ana
Paula Padrão é jornalista e empresária, disponível em: http://istoe.com.br/399653_PERIFERICOS+E+PRIVILEGIADOS/
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