Mesmo com a
suspensão da regra do Enem (Exame Nacional do Ensino Médio) que dá nota
zero para a redação que desrespeite os direitos humanos, sem direito à
correção de seu conteúdo, cursinhos ouvidos pelo UOL disseram que
vão orientar seus alunos
a seguirem o que foi ensinado e treinado ao longo do ano, sem mudanças de
estratégia.
Cursinhos ouvidos
pelo UOL disseram que vão orientar seus alunos a seguirem o que foi ensinado e
treinado ao longo do ano, sem mudanças de estratégia.
A decisão judicial é
da 5ª turma do TRF-1 (Tribunal Regional Federal da 1ª Região) e acontece bem na
reta final de preparação para o exame --os candidatos terão que fazer uma
redação já no primeiro dia de prova, no dia 5 de novembro. A segunda etapa do
exame será no dia 12. No entanto, o Inep (Instituto Nacional de Estudos e
Pesquisas Educacionais Anísio Teixeira), que é a autarquia do Ministério da
Educação responsável pela realização da prova, já afirmou que recorrerá,
portanto o caso pode ter mudanças nas instâncias superiores.
"A princípio não
muda nada, porque até nas orientações para os alunos a gente nunca recomendou
entrar nesse tipo de assunto", disse Vinicius de Carvalho Haidar,
coordenador pedagógico do Curso Poliedro.
Já Ana Paula Dibbern,
professora e coordenadora do cursinho Maximize, diz que é "gastar
tempo" se preocupar com essa possível mudança agora. "O aluno que se
preocupar com isso só vai ficar nervoso", diz.
"Acho que é um
pouco de alarde o que a Escola Sem Partido está fazendo. E se essa mudança de
fato acontecer, não vai mudar nada para a maioria dos alunos", afirma.
Ela defende que o
aluno continue seguindo a orientação básica para a redação do Enem: "um
texto dissertativo, com argumentos, uma tese e que traga uma proposta de
intervenção para o problema apresentado".
Tom Junior, coordenador
pedagógico nacional do Educafro, concorda e complementa: "As orientações
para as redações são as mesmas: que respeitem os direitos humanos, a
diversidade étnica, de gênero, religiosa. Isso é um dos pilares que fundamentam
a sociedade".
Direitos humanos
acima das regras do Enem
Maria Aparecida
Custódio, responsável pelo laboratório de redação do colégio e curso Objetivo,
disse que a instituição vai continuar orientando seus alunos para que nas
redações prevaleça o respeito aos direitos humanos, afirmando que isso
independe de qualquer regra expressa em editais, seja do Enem ou de qualquer
outro vestibular.
"O Brasil é
signatário da Declaração Universal dos Direitos Humanos, é um preceito que vai
além da prova. Apesar dessa decisão, nós orientamos é que prevaleça em qualquer
redação o respeito aos direitos humanos", afirmou.
Custódio defendeu
ainda que os alunos do Objetivo continuarão sendo ensinados sobre o fato de
"os direitos humanos estarem acima de qualquer liberdade de
expressão". Tanto Custódio quanto Haidar acreditam que o tema da redação
deste ano deve abordar a questão da homofobia. A nova determinação, portanto,
deve gerar polêmica.
"Provavelmente
na [redação] desse ano vai ser a mesma coisa, porque o tema já está pronto e
deve ser em cima de alguma discussão relacionada ao contexto dos direitos
humanos, talvez sobre homofobia", disse.
Os temas das redações
do Enem têm gerado polêmica nos últimos anos. Em 2015, o candidato precisou
dissertar sobre violência contra a mulher. O tema foi aplaudido por alguns e
muito criticado por outros, por causa do viés feminista. A hashtag
#enemfeminista foi criada e começou a ser usada tanto pelos que defendiam
quanto pelos que não concordavam com o tema. No ano passado, o episódio se
repetiu. O tema foi "Caminhos para combater a intolerância religiosa no
Brasil".
Poucas redações
anuladas em 2016
Apesar da disputa
judicial, no ano passado, foi baixo o índice de alunos que tiveram seus textos
zerados com base nesta regra. Segundo dados do Inep (Instituto Nacional de
Estudos e Pesquisas Educacionais Anísio Teixeira), entre 8,6 milhões de
participantes inscritos, 84.236 redações foram anuladas no Enem 2016. Deste
total, 4.798 redações foram zeradas por desrespeito aos direitos humanos, ou
seja, 5,7%.
texto extraído: https://educacao.uol.com.br/noticias/2017/10/27/para-cursinhos-candidatos-nao-devem-mudar-conduta-em-relacao-a-redacao-do-enem.htm
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